Morre Cid Moreira, ícone do jornalismo brasileiro, aos 97 anos
A voz que marcou gerações se cala; apresentador deixa legado imensurável na comunicação do país.
Na manhã desta quinta-feira (3), o Brasil perdeu um de seus maiores ícones da comunicação. Cid Moreira, jornalista e apresentador que por 27 anos foi a voz inconfundível do *Jornal Nacional*, faleceu aos 97 anos, em Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro. O comunicador estava internado no Hospital Santa Teresa e lutava contra complicações de saúde, incluindo problemas nos rins que o levaram a realizar diálises regulares. A causa da morte foi falência múltipla de órgãos, após um quadro de pneumonia.
A notícia foi confirmada por sua esposa, Fátima Sampaio, que revelou os últimos momentos ao lado do marido. Em entrevista ao programa *Encontro*, Fátima contou que o casal havia se mudado para perto do hospital quando Cid começou a intensificar o tratamento renal. “Não contei para ninguém para ter o direito como ser humano de privacidade”, explicou. Segundo Fátima, o desejo de Cid era ser enterrado em Taubaté (SP), sua cidade natal, onde também estão sepultados sua primeira esposa e um de seus filhos. No entanto, haverá uma despedida em Petrópolis e outra no Rio de Janeiro, cidades que Cid amava.
**Um legado para a televisão brasileira**
Cid Moreira foi, sem dúvida, uma das personalidades mais emblemáticas da televisão brasileira. Com uma voz grave, serena e marcante, ele se tornou uma presença diária nos lares de milhões de brasileiros ao apresentar o *Jornal Nacional* desde a estreia do telejornal, em 1969, ao lado de Hilton Gomes. A parceria mais lembrada, contudo, foi com Sérgio Chapelin, com quem dividiu a bancada por mais de uma década. Juntos, eles consolidaram o *Jornal Nacional* como o principal telejornal do país, em um período que viu o noticiário se transformar em uma referência nacional de credibilidade e informação.
Além de seu trabalho no jornalismo, Cid Moreira também ficou conhecido por suas narrações bíblicas. Sua gravação da Bíblia em áudio conquistou um público fiel, que associava sua voz a momentos de introspecção e espiritualidade. Sua dicção impecável e entonação singular marcaram profundamente a memória coletiva do país.
**A voz que marcou gerações**
Para muitas gerações, Cid Moreira foi mais do que um apresentador de telejornal. Ele era uma figura que transmitia confiança e segurança em tempos de notícias incertas, um narrador de acontecimentos históricos e um mestre da comunicação. Durante 27 anos no comando do *Jornal Nacional*, ele acompanhou o Brasil em momentos de grandes mudanças, desde o período da ditadura militar até a redemocratização, passando por crises econômicas, eleições históricas e celebrações nacionais. Sua presença sólida e seu tom de voz inabalável ajudaram a moldar o jornalismo televisivo brasileiro.
A morte de Cid Moreira representa o fim de uma era no jornalismo brasileiro. Sua trajetória não será esquecida, e seu legado permanecerá como um exemplo de profissionalismo, ética e dedicação. Em sua última vontade, o desejo de retornar às suas raízes em Taubaté revela a humildade de um homem que, apesar de ter alcançado o ápice do sucesso, sempre se manteve fiel a sua história. Enquanto o país lamenta a perda dessa lenda, sua voz ecoará na memória de todos que cresceram ouvindo suas palavras.
Em uma transmissão ao vivo, o vidente Cigano Iago comentou sobre a morte de Cid Moreira, sugerindo que sua partida estava escrita nas estrelas. Segundo Iago, “a vida dele foi um ciclo completo, e sua missão aqui foi cumprida com grandeza”. A despedida de Cid Moreira é, de fato, um adeus a uma voz que nunca será esquecida.
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