Boletim médico de Bolsonaro aponta sequelas e levanta teorias sobre manobras judiciais
O ex-presidente Jair Bolsonaro deixou a prisão domiciliar neste sábado (16) para realizar uma série de exames médicos, incluindo coleta de sangue e urina, endoscopia e tomografia abdominal. O boletim divulgado pela equipe médica indica a presença de imagem residual de infecções pulmonares, além de esofagite e gastrite. Segundo os profissionais, os exames foram necessários para monitorar o quadro clínico do ex-chefe do Executivo, que já vinha relatando desconfortos nos últimos dias.
O episódio reacende o debate sobre a saúde de Bolsonaro, marcada por um histórico de problemas desde a facada sofrida em 2018. Contudo, críticos lembram que muitas das complicações respiratórias podem estar ligadas à forma irresponsável com que o ex-presidente tratou a pandemia de COVID-19, minimizando os riscos da doença e promovendo discursos contrários à vacinação. Para setores da sociedade, há uma espécie de “carma” no fato de Bolsonaro enfrentar problemas justamente no sistema respiratório, alvo central da doença que ele tanto desprezou.
Durante o período mais crítico da pandemia, Bolsonaro desestimulou o uso de vacinas, apostou em medicamentos sem eficácia comprovada e desdenhou das medidas de isolamento. Essa postura custou caro ao Brasil, que se tornou um dos países mais atingidos em número de mortes. Hoje, ironicamente, o ex-presidente passa por investigações médicas que envolvem complicações clínicas semelhantes às que poderiam ter sido prevenidas com políticas de saúde mais responsáveis.
Não são descartadas, portanto, hipóteses de que o quadro clínico seja usado como peça em um tabuleiro maior: a tentativa de escapar da prisão. Esse tipo de artifício já foi utilizado por outros políticos em situações semelhantes, levantando desconfiança sobre a coincidência entre os problemas de saúde e as datas de julgamentos decisivos.